Projeto: Equilíbrio na pisada – Neutralizando as emissões de CO2 durante viagens

Desde 2018 o Coletivo Raiz & Cipó está elaborando um projeto de de reflorestamento do Cerrado com plantas nativas e trabalho sustentável com Bambu Gigante, em parceria com o Receptivo KOPA turismo, na Área de Proteção Ambiental Morro da Pedreira, no entorno do Parque Nacional Serra do Cipó, Minas Gerais.

Um dos atuais desafios mundiais é o combate ao efeito estufa, e nesse sentido, o bambu mostra-se um agente bastante eficaz ao controle do CO2 (dióxido de carbono). O acelerado desenvolvimento do bambu e sua estrutura fazem com que seja um extraordinário aliado na recuperação de áreas degradas, atuando como um recurso renovável na produção agroflorestal.

Em outubro 2018 iniciamos nosso projeto com a plantação de 100 mudas de Bambu Gigante em uma área degradada no município de Jaboticatubas (Cordilheira do Espinhaço – Serra do Cipó, Minas Gerais). Nosso plano de ação prevê a plantação anual de 100 mudas e a manutenção da área verde plantada (Bambu Asper) durante cinco anos e a construção de um viveiro de mudas nativas do Cerrado para plantação em áreas de reflorestamento nativo, como p.ex. as reservas legais. Nos próximos cinco anos está previsto a expansão do projeto para outros municípios, a ampliação do viveiro do Cerrado e do banco de sementes crioulas na sede do Coletivo Raiz & Cipó no distrito de São José da Serra. O espaço já está oferecendo cursos de capacitação em Bambuzeria, práticas agroflorestais e Educação ambiental para a comunidade local e interessados.

Nossa missão é proteger o Cerrado em nossa região, reflorestar às nascentes, aumentar a população de espécies endêmicas e ameaçadas (em específico as aves), capacitar os jovens para diminuir o êxodo rural, e neutralizar o CO2 emitido pelas nossas atividades econômicas.

Aspectos ambientais e Eficácia da plantação de Bambu Gigante em áreas degradadas

Baseamos o projeto “Equilíbrio na pisada – Neutralizando as emissões de CO2 durante viagens” através do PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) nos levantamentos do Professor Arnaldo Freitas de Oliveira Júnior do Departamento de Ciência e Tecnologia Ambiental do Centro Federal de Educação Tecnológica – CEFET (Freitas de Oliveira Júnior, 2011, p.183-213). Segundo a pesquisa dele, a combustão de um litro de Etanol emite em média (de forma direta e indireta) 1,178 kg de CO2, a combustão de um litro de gasolina 2,269 kg.

Nos últimos cinco anos o valor médio para emissão de uma tonelada de CO2 chegou a valores de R$20,00 a R$50,00, porém os preços explícitos do carbono não estão alinhados com a meta de 2° Celsius de aquecimento global. A Comissão de Alto Nível sobre preços de carbono (liderada pelo economista Joseph Stiglitz) recomenda atingir um preço de carbono entre US$ 50,00 e US$ 100,00 por tonelada de CO2, até 2030. Assim calculamos atualmente com um preço médio de R$300,00/tonelada de CO2, ou R$0,30/kg de CO2.

Cálculo:

Numa viagem de 250 km (Belo Horizonte – Parque Nacional Serra do Cipó) num carro de passeio (Média de 08 km/litro gasolina) emitimos 70 kg de CO2. Neste caso geramos um custo ambiental de R$21,00. Esse valor varia com o valor por quilograma de emissão de CO2 que é negociado na bolsa.

Resultado:

O valor atual de uma muda de Bambu Gigante (área reflorestada: 20m2) fica em R$10,00, o plantio, adubo e manejo durante os primeiros cinco anos resulta num custo de mais R$10,00/muda. Um valor total de só R$20,00 por moita de Bambu. Uma única moita é capaz de absorver cerca de três vezes mais CO2 do que uma arvore comum, chegando à absorção de doze toneladas/hectare de CO2 da atmosfera por ano (RIBEIRO, 2005, p. 12). Novos brotos surgem espontaneamente a cada ano e o bambu gigante dispensa o replantio por mais de 100 anos.

Bibliografia:

Ribeiro, Adriana Santos. Carvão de bambu como fonte energética e outras aplicações. Maceió: Instituto do Bambu, 2005

Freitas de Oliveira Júnior, Arnaldo: ” Iniciativas de PSA de Proteção da Biodiversidade na Mata Atlântica”, (p.183-213), em: “Pagamentos por Serviços Ambientais na Mata Atlântica: Lições aprendidas e desafios”, Brasília: MMA, 2011